Muito estranho
Como de costume passei o dia
todo no atendimento, fazendo abertura de contas para novos clientes do banco. Foi
um dia cansativo, mas um pouco mais que os outros, porque era o último dia do
mês e não consegui bater as metas.
Fui para o ponto de ônibus a
dois quarteirões, no caminho não encontrei com ninguém. Já era escuro e tive receio. Olhei
para os lados e tive a impressão de ter visto vultos. Comecei a me desesperar,
a sombra parecia chegar cada vez mais perto. Ufa, o ônibus apareceu e me salvou.
Cheguei a casa pelas nove, e fui
logo para cama, pois tinha que acordar às cinco da madrugada.
O despertador tocou, abri os
olhos, mas cochilei novamente. Acordei no susto, consultei o relógio de
cabeceira e vi que ainda eram cinco e cinco. Levantei e fui até o banheiro, estava
com muito sono, então escovei os dentes e lavei o rosto.
Inesperadamente, ouvi a
campainha da porta, enxuguei-me às pressas, fiquei bem assustada. E pensei,
quem seria àquela hora? Será que aconteceu alguma coisa?
Saí do banheiro às pressas,
caminhei até a porta, destranquei a fechadura, então, abri a porta subitamente.
Vi um homem caído na soleira,
corri o olhar em torno e constatei que não havia ninguém no corredor. Meus
olhos ficaram esbugalhados, meu corpo tremia.
Num supetão abaixei-me, e resolvi tocar o homem com os dedos. Senti o
corpo dele frio e rígido, percebi então, que era um cadáver.
Corri ao telefone e disquei para
central de polícia e enquanto aguardava, meus pensamentos me consumiam.
Meu coração disparava, podia ouvi-lo, olhava
de um lado para outro, rezando para que aparecesse alguém.
Nenhum vizinho apareceu, estava eu
num corredor sombrio e com um morto. Parecia até piada, se eu contasse ninguém
acreditaria.
Percebi a presença da polícia,
que identificava o cadáver. Disseram que era um ladrão de bancos profissional
que seguia e sequestrava suas vítimas.
Fiquei estática, tudo agora
fazia sentido. Depois de tudo fiquei até triste, mas antes ele do que eu!
ANGELA MARIA BALTIERI